Sexta-feira, 30 de Outubro de 2015
Os planos de cerca de 150 países para reduzir as emissões de gases do
efeito estufa vão desacelerar a mudança climática, mas as nações ainda precisam
fazer mais para limitar a elevação das temperaturas globias a no máximo 2°C,
disse a Organização das Nações Unidas (ONU) nesta sexta-feira (30).
Cientistas alertam
que o aquecimento precisa ficar abaixo desse nível no fim do século (em relação
à temperaturas anteriores a 1850) para evitar os piores efeitos da mudança
climática – como inundações, secas e elevação do nível do mar.
Os planos citados
pela ONU serão a base de um acordo global para combater a mudança climática a
ser assinado em dezembro em Paris.
Emissões
Essas estratégias nacionais seriam capazes de restringir o aumento das
emissões dos 49 GtCO2/ano (bilhões de toneladas de CO2 por ano) de 2010 para o
equivalente a 56,7 GtCO2/ano até 2030, quatro bilhões a menos do projetado caso
nenhuma medida seja tomada, afirma um novo relatório.
"É um passo muito
bom, mas não é suficiente", afirmou Christiana Figueres, chefe da UNFCCC,
a convenção do clima da ONU, durante a apresentação do documento em Bonn, na
Alemanha.
Negociadores se reúnem em Bonn, Alemanha, para produzir esboço de acordo a ser negociado na Cúpula do Clima de Paris (Foto: IISDRS)
As promessas dos
países, conhecidas como INDC (Intenções de Contribuição Nacionalmente
Determinadas) serão os blocos de construção para um acordo na cúpula do clima
de Paris, que será realizada de 30 de novembro a 11 de dezembro. O tratado vai
guiar o combate ao aquecimento global a partir de 2020.
Sem
projeção oficial
Christiana Figueres não afirmou qual temperatura provável o planeta terá
em 2100, porque a maioria dos INDCs se estendem só até 2030. Mas a chefe da
convenção do clima da ONU disse que análises independentes mostram que as
promessas só limitariam o aumento de temperatura a 2,7°C, no mellhor cenário.
Segundo o IPCC (painel
de cientistas do clima da ONU), isso já é um progresso, pois um cenário de
emissões desenfreadas poderia levar o planeta a até mais 5°C.
Quase 200 governos
concordaram em 2010 a limitar a 2°C graus acima dos níveis pré-industriais,
implicando que Paris terá de estabelecer caminhos para aumentar as ações nos
anos seguintes. O aumento na temperatura até agora já foi de cerca de 0,9°C.
Os negociadores terão
de decidir em Paris como os INDCs serão incorporados pelo novo acordo e sobre
como rever as promessas periodicamente, afirmou Figueres.
"Muitos países
têm sido saudavelmente conservadores com relação ao que apresentaram",
disse, lembrando que muitos países, particularmente a China, provavelmente
atingirão redução de emissões maior do que as metas que propuseram.
Sinal
para o mercado
O relatório desta sexta-feira é a tentativa mais oficial de tentar somar
o impacto dos INDCs e foi bem recebido por grupos de investimento financeiro.
"Planos
nacionais fortes dão o tipo de sinal vital de mercado requerido por
formuladores de políticas quando os investidores querem reduzir os riscos de
ativos encalhados no setor de combustíveis fósseis e fazer enormes
investimentos em tecnologias de baixo carbono", afirmou Stephanie Pfeifer,
chefe executiva do IIGCC (Grupo Internacional de Investidores para Mudança
Climática).
Grupos ambientalistas
afirmam que o acordo de Paris precisa ser o ponto de partida para cortes de
emissões mais profundos.
"Insistimos que
o acordo de Paris estabeleça um mecanismo para fazer países diminuírem mais
suas emissões, sem atraso", disse Martin Kaiser, chefe de política do
clima internacional do Greenpeace.
"O mundo precisa
que Paris emita um sinal claro e inspirador de que o jogo está mudando, que
todos os países estão levando a ciência do clima a sérdio, abraçando todo o
potencial da enerigia limpa renovável e descontinuando os combustíveis
fósseis."
Intenções
nacionais
A maior parte dos quase 200 países signatários da Convenção do Clima já
submeteu à ONU suas propostas de redução de emissões, incluindo grandes
emissores como EUA, China, Índia, Brasile União Europeia.
Uma projeção feita
sob encomenda da ONU sugere que, para que os 2°C sejam evitados, as emissões
globais precisam começar a cair a partir de 2020. A soma das intenções dos
países declaradas até agora, porém, indica um prolongamento do período de
aumento de emissões.
G1