Menina assassinada tinha vida de tragédias
Sexta, 31 de Outubro de 2014
Aos 6 anos, Camile perdeu o pai, também assassinado, e a irmã
mais velha é usuária de drogas; menina completaria 14 anos.
Mãe de Camile,
Adriana, perdeu o marido e lutava sozinha para sustentar os nove filhos; Camile
completaria 14 anos nos próximos dias
Camile era uma adolescente que colecionava tragédias. Aos 6 anos
teve o pai assassinado. A irmã mais velha é usuária de drogas e perambula pelas
ruas de João Pessoa. A mãe, Adriana, 37 anos, tem nove filhos e tenta sustentar
a casa com o salário de R$ 724,00. Camile não tinha computador e reclamava por
não ter dinheiro para comprar as coisas que gostava, como iogurte e sorvete.
Passava horas mexendo no celular, deitada na única cama existente na casa.
Completaria 14 anos nos próximos dias, mas não esperava festa.
Na vizinhança, o clima era
de tristeza pela morte precoce de Camile. A dona de casa Ednalva dos Santos
disse que “viu a menina crescer”. Desconsolada, ela pediu justiça pelo
assassinato da garota. “É muita maldade no coração para fazer uma coisa dessa
com uma criança inocente. Camile não fazia mal a ninguém”, pontuou.
No sofá da casa da família
a reportagem encontrou Adriano, um dos irmãos da adolescente morta, que chorava
desconsolado, olhando para o chão, como se buscasse uma explicação para o fato.
“Parece um pesadelo, ela não merecia isso”, declarou. A mãe Adriana disse que o
desejo dela sempre foi sair da comunidade, a qual considera violenta. Sem
alternativa, vai permanecer morando no mesmo local onde perdeu a filha e o
marido.
Escola de luto
Há cerca de 20 dias Camile não frequentava as aulas na Escola Monsenhor João Coutinho, no Róger, onde fazia o 5° ano do ensino fundamental. O fato, no entanto, não foi comunicado ao Conselho Tutelar Região Norte, segundo informou o conselheiro Elielton Lima. “A escola nunca nos comunicou essa ausência. Se tivesse informado, claro que teríamos feito alguma intervenção para saber o que estava acontecendo”, afirmou Elielton.
Há cerca de 20 dias Camile não frequentava as aulas na Escola Monsenhor João Coutinho, no Róger, onde fazia o 5° ano do ensino fundamental. O fato, no entanto, não foi comunicado ao Conselho Tutelar Região Norte, segundo informou o conselheiro Elielton Lima. “A escola nunca nos comunicou essa ausência. Se tivesse informado, claro que teríamos feito alguma intervenção para saber o que estava acontecendo”, afirmou Elielton.
Segundo ele, há boatos que
Camile andava com “pessoas erradas, usuárias de drogas”. Já a mãe da vítima
disse que a adolescente ia às aulas “quase todos os dias”.
Conforme o art. 56 do
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), os dirigentes de estabelecimentos
de ensino fundamental devem comunicar ao Conselho Tutelar os casos reiterados
de faltas injustificadas e de evasão escolar, quando esgotados os recursos
escolares. A direção da escola admitiu ter notado a ausência da menina e não
ter procurado o Conselho com a justificativa de que “20 dias é muito pouco
tempo para se preocupar com as faltas de um aluno”. A gestora escolar Conceição
Lacerda disse que a adolescente era uma aluna aplicada e tinha bom
comportamento. Chocados com a violência que abalou alunos e professores, a
direção suspendeu as aulas.
UM FATO, MUITAS VERSÕES
Vizinhos e familiares
Camile foi encontrada apenas de calcinha. Surgiram boatos que ela havia sido abusada sexualmente.
Camile foi encontrada apenas de calcinha. Surgiram boatos que ela havia sido abusada sexualmente.
A adolescente costumava ficar até de madrugada na rua. Segundo a mãe, ela sempre estava em casa antes das 21h.
A mãe afirma que Camile não conhecia os meninos que confessaram estar com ela no momento do crime.
Um dos meninos apreendidos disse em depoimento que a arma pertencia a ele.
Polícia e Conselho Tutelar
A vítima estava de calcinha e short, mas sem parte da blusa, que teria se
rasgado no trajeto. O laudo do IML vai confirmar se houve ou não abuso.
Camile não usava drogas, mas andava com más companhias.
Segundo a polícia, vítima e acusados estavam em harmonia, quando o tiro ocorreu.
A polícia investiga a informação recebida de que a arma era de outra pessoa, que seria maior de idade.
Segundo a polícia, vítima e acusados estavam em harmonia, quando o tiro ocorreu.
A polícia investiga a informação recebida de que a arma era de outra pessoa, que seria maior de idade.
VALÉRIA SINÉSIO/Jornal da Paraíba